Amazonas

Amazonas

Geografia: 
Área: 1.570.745,7 km2. 
Relevo: depressão na maior parte e faixa de planície perto do rio Amazonas e planaltos a leste. 
Ponto mais elevado: pico da Neblina, na serra Imeri (3.014,1 m). 
Rios principais: Solimões, Amazonas, Juruá, Purus, Negro Içá, Japurá.
Vegetação: floresta Amazônica. 
Clima: equatorial.
Municípios mais populosos: Manaus (1.688.524), Parintins (112.636), Coari (87.468), Manacapuru (84.656), Itacoatiara (81.674), Tefé (71.975), Maués (46.873), Tabatinga (45.085), Iranduba (42.812) e Manicoré (38.168) - 2006. 
Habitante: amazonense.

População: 3.311.026 (2006). 
Densidade: 2,1 hab./km2 (2006). 
Crescimento demografico: 3,3% ao ano (1991-2006). 
População Urbana: 76,6% (2004).
Domicílios: 824.567 (2005)
Carência habitacional: 174.924 (2006).
Acesso à água: 65,5% (2005)
Acesso à rede de esgoto: 55,1% (2005).
IDH: 0,713 (2000).

Saúde:
Mortalidade infantil: 27,6 por mil nascimentos (2005). 
Médicos: 8,4 por 10 mil hab. (2005). 
Leitos hosp.: 1,6 por mil hab. (2005).

Educação:
Educação infantil: 124.336 matrículas (81,1% na rede pública).
Ensino fundamental: 783.638 matrículas (95,0% na rede pública). 
Ensino médio: 161.641 matrículas (94,5% na rede pública) - todos em 2005.
Ensino superior: 72.967 matrículas (47,8% na rede pública - 2004). 
Analfabetismo: 9,0% (2004); analfabetismo funcional: 22,1% (2004).

Economia: 

Participação no PIB nacional: 2,0% (2004). 
Composição do PIB: agropecuária.: 3,6%; ind.: 69,9%; serv.: 26,5% - 2004. PIB per capita: R$ 11.346 (2004).Export. (US$ 2,1 bilhões): telefones celulares (48,7%), outros produtos eletroeletrônicos (19,5%), extratos para bebidas (8,3%), motos e motopeças (7,7%), máquinas copiadoras e acessórios (3,6%). Import. (US$ 5,2 bilhões): bens de informática (27,9%), outros eletroeletrônicos (20,1%), combustíveis (4,4%), motopeças (3,7%), petroquímicos (2,9%) e miscelânia (22,2%) - 2005.

Energia Elétrica  Geração: 5.667 GWh; consumo: 3.523 GWh (2004).

Telecomunicações:
Telefonia fixa: 444,5 mil linhas (maio/2006); celulares: 1,3 milhão (abril/2006).

Capital: Manaus.
Habitante: manauara ou manauense.
População.: 1.688.524

Fatos históricos:
           Até meados do século XVIII, quase toda a amazônia pertencia à Espanha. Nesse longo período permaneceu praticamente desconhecida, visitada apenas por missionários e aventureiros, alguns enviados em expedições oficiais, como a de Pedro Teixeira que em 1637, subiu o rio Amazonas e alcançou Quito, no Equador. Tanto portugueses quanto espanhóis, só exploram as "drogas do sertão" - madeiras, resinas, ervas e condimentos -, que não chegam a adquirir importância econômica significativa. Isso explica, em parte, a relativa facilidade com que a Espanha cede a imensa área a Portugal no Tratado de Madri, de 1750.
            Transformada em capitania de São José do Rio Negro em 1757, nas décadas seguintes, constroem-se fortalezas para a defesa da região. Os padres jesuítas são substituídos por funcionários leigos na catequese e na educação dos índios. Com a independência, a capitania integra-se à província do Pará e se envolve, nas lutas da Cabanagem entre 1835 e 1840. Em 1850, o governo imperial cria a província do Amazonas, com capital em Manaus, antiga Barra do Rio Negro. Em 1866, quando começa a crescer a importância da borracha para a economia local, o rio Amazonas é aberto à navegação internacional.

Ciclo da borracha:
            Os seringais amazônicos passam a atrair dezenas de milhares de imigrantes, sobretudo os nordestinos, para a coleta do látex. Atraem também o interesse de grandes companhias estrangeiras. Entre 1890 e 1910, a produção de borracha do Amazonas corresponde a mais de 40% do total mundial. A população multiplica-se, a exportação da borracha chega a se igualar à do café e a economia cresce rapidamente. O estado começa a receber levas de migrantes. Em quase 50 anos, a população aumenta de 57.610 (censo de 1872) para 1.439.052 (censo de 1920). Chamada de Paris dos Trópicos, Manaus transforma-se em uma metrópole de estilo europeu - é a segunda cidade do país a instalar iluminação elétrica (após Campos dos Goitacazes, RJ). Esse desenvolvimento não dura muito. Já nas décadas de 10 e 20, em razão da concorrência asiática, a borracha amazônica perde mercado e a economia regional entra em rápido declínio.

Zona Franca:
            A construção da rodovia Belém-Brasília, no fim dos anos 50, é o primeiro passo para romper o isolamento e a estagnação econômica do estado. Em 1967 é instituída a Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), com o objetivo de estabelecer um pólo industrial integrado ao complexo nacional pela redução dos impostos de importação e exportação. Contudo, os produtos tradicionais da região, pouco ou nada participam desse modelo de insudtrialização, centrado na produção eletroeletrônica. O surto comercial e o desenvolvimento da hotelaria e do turismo levam à criação de cerca de 100 mil empregos e impulsionam a economia. Entre 1965 e 1975, a renda anual do estado cresce 147%.
            No início dos anos 70, começa a ser estabelecido, por meio do Plano de Integração Nacional - PIN, um programa que prevê a construção de estradas, a ocupação planejada e o incentivo à instalação de agrovilasobjetivo é "integrar para não entregar", já que os governos militares queriam garantir a ocupação brasileira num local tradicionalemente cobiçado por outros países. O resultado desses projetos, porém não foi relevante. O solo da região, depois da retirada das árvores, nem sempre se mostra adequado à agricultura. Grande parte das estradas é engolida pela floresta. Transamazônica (BR-230), por exemplo, planejada para cruzar o estado de leste a oeste e conectá-lo à região nordeste, é transitável em apenas um pequeno trecho na época seca. Sobrevivem alguns dos enormes empreendimentos madeireiros e agropecuários, muitas vezes causadores de problemas ambientais e de conflitos com a população nativa.
            A instalação da Zona Franca cria um vigoroso pólo de empregos, atrai as populações rurais dos vales do Madeira, Purus e Solimões e provoca intensa concentração e expansão urbanas. A população de Manaus sobre de 300 mil habitantes em 1970 para 800 mil em 1985. mas, em meados dos anos 80, a Zona Franca começa a apresentar certo declínio, pelo corte de incentivos, pela queda de produção e pela baixa demanda de mão-de-obra.

O Amazonas hoje:
            Cortado pela linha do Equador, o Amazonas é o maior estado brasileiro em área, com mais de 1,5 milhões de km². A floresta amazônica, que ocupa 92% da superfície estadual, possui a maior biodiversidade do planeta, com uma fauna estimada em 250 espécies de mamíferos, 2 mil espécies de peixes e 1,1 mil espécies de pássaros. Na fronteira com a Venezuela, situam-se os pontos mais elevados do Brasil: o pico da Neblina com 3014 metros de altitude e o 31 de Março com 2.992 metros.
            Além do Rio Amazonas, com extensão de 6.868 km, a região abriga os dois maiores arquipélagos fluviais do mundo: Mariuá e Anavilhanas. A natureza, no entanto, não é o único atrativo. Na capital, Manaus, há marcos arquitetônicos do período áureo da borracha, como o Teatro Amazonas, construído no final do século XIX, com materiais nobres importados de várias partes do mundo. Nos últimos anos, muitos turistas que visitaram o estado em junho, tiveram como destino Parintins, cidade da margem direita do rio Amazonas, a 420 km da capital. Ali, a apresentação de uma mistura do bumba-meu-boi, do nordeste, com lendas indígenas, resulta no internacionalmente conhecido Festival Folclórico de Parintins.
            Raízes indígenas e nordestinas transparecem na culinária da região, que tem no peixe a base de seus principais pratos, como a moqueca com postas de tucunaré ou surubim.

População:
            O Amazonas é o segundo estado mais populoso da região norte, atrás do Pará. Tem baixa densidade demográfica e a maior parte da população vive à beira-rio. Nas áreas periodicamente alagadas é comum a construção de casas sobre palafitas. Abriga o maior número de índios do Brasil: 27,5% do total. Os barcos são o principal meio de transporte, responsáveis pela comercialização de produtos e condução de passageiros. A única via de acesso rodoviário ao Amazonas é a BR-174, inaugurada em novembro de 1998.
            No interior, mais da metade dos domicílios não tem água encanada e se abastecem de rios, poços ou nascentes. Nas zonas urbanas, crescem os bolsões de pobreza, a ocupação desordenada e a especulação imobiliária, sem que haja investimentos suficientes em infra-estrutura, saúde e educação. Segundo o IBGE, em 1999 a mortalidade infantil registrada no estado é de 31,8 por mil crianças nascidas vivas, pouco inferior à média nacional, que é de 34,58.
            A rede pública hospitalar tem em média 1,6 leito por grupo de mil habitantes, quando a OMS recomenda 4,5 para cada mil. Para combater a carência de médicos no interior, o governo defende a contratação de médicos estrangeiros - cubanos, bolivianos e peruanos - interessados em atuar no Brasil. De acordo com a Secretaria da Saúde, cerca de 90% dos médicos que trabalham no estado estão instalados em Manaus. Na área de educação, dados do MEC de 2005 indicam 945 mil matrículas no ensino fundamental e médio; a taxa de analfabetismo em 2004, conforme o IBGE, é de 9,0%, próxima à do Sul.

Pólo industrial:
            Responsável por mais de 2% do PIB do país, o Amazonas gera 10 bilhões de dólares por ano (2004). Com a abertura brasileira às importações no início da década de 90, Manaus vive grave crise econômica provocada pelo fechamento de várias fábricas e pelo aumento do desemprego. A mão-de-obra empregada nas principais empresas da Zona Franca de Manaus (ZFM) reduz-se de 32,6 mil trabalhadores em 1998 para 17,8 mil em 1999 e 13 mil em 2005. O aumento da exportação dos produtos fabricados em Manaus é fundamental para a economia do Amazonas, para a balança comercial brasileira e para evitar o aumento do desemprego no estado.
            Esse resultado é alavancado pelo setor eletroeletrônico, que fatura em média, 47% do total do pólo industrial (2005). Em razão do aumento das vendas para o exterior, o setor químico de Manaus também teve importante crescimento na última década e o ramo termoplástico, cresceu 60,88%. O pior desempenho ocorre no pólo madeireiro que teve queda próxima a 50%.
            A agricultura e a pecuária tem pouca relevância econômica. Mandioca, arroz, milho e feijão são os principais produtos, além das culturas regionais de cupuaçu, pupunha, guaraná e açaí. Outra atividade que garante a subsistência da população amazonense é o extrativismo, cujos produtos principais são a castanha-do-pará, a piaçava, a madeira e a borracha.
            O crescimento médio de 6% ao ano faz do ecoturismo o segmento que mais se expande, conforme dados da FGV. Já operam no estado, hotéis de selva, que oferecem incursões pela floresta amazônica, empresas de cruzeiros fluviais e de pesca esportiva.

Exploração de madeira:
            Como o desenvolvimento econômico está atrelado à preservação dos recursos naturais, o desmatamento que há alguns anos se verifica no estado tem preocupado não só as comunidades extrativistas como ambientalistas do país e do mundo. As ações predatórias são atribuídas, em grande parte, às madeireiras asiáticas que se instalaram na região, acusadas de não cumprir a legislação sobre exploração sustentada, que prevê a reposição das espécies. De acordo com relatório da Secretaria de Assuntos Estratégicos, cerca de 80% da madeira retirada da amazônia, é extraída de maneira predatória.
            Segundo o IBAMA, em 1999, as reservas indígenas auxiliam na preservação contra o desmatamento e as queimadas, apesar da precária assistência prestada pelo governo federal. Mapas produzidos com fotos de satélites mostram que os desmatamentos e as queimadas ocorrem fora das áreas delimitadas para os índios.